CONTRASTES TERRITORIAIS NO RS: DOENÇAS RELACIONADAS AO SANEAMENTO AMBIENTAL
DOI:
https://doi.org/10.56238/revgeov16n5-071Palavras-chave:
Doenças Infecciosas e Parasitárias, Doenças Negligenciadas, Análise Espacial, Indicadores de Saúde, Fatores SocioeconômicosResumo
O estudo buscou identificar o padrão espacial das doenças relacionadas ao saneamento ambiental nas macrorregiões e regiões de saúde do Rio Grande do Sul e fatores socioeconômicos, entre 2018 e 2021. É um estudo quantitativo e ecológico, que utilizou dados secundários do CEVS/RS para análise espacial das taxas de incidência e de mortalidade. Seis regiões de saúde apresentaram incidência e mortalidade maiores que 405,87 casos/100 mil hab. e 3,52 óbitos/100 mil hab. As categorias de transmissão por inseto-vetor e contato foram predominantes. Para a incidência houve predominância em indivíduos do sexo masculino, brancos, adultos, alto nível de escolaridade e residentes das zonas urbanas. Para a mortalidade, os mais afetados também foram indivíduos do sexo masculino, brancos, baixo índice de escolaridade e idosos. As macrorregiões Missioneira e Centro-Oeste formaram aglomerados espaciais com altas taxas de incidência e mortalidade. Apenas a mortalidade mostrou-se correlacionada com o coeficiente de Gini e o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal. O cenário de doenças relacionadas ao saneamento ambiental no Rio Grande do Sul apontou para contrastes territoriais de condições de saúde, que envolvem a situação sanitária inadequada do Estado, permitindo auxiliar o direcionamento de políticas públicas saudáveis.
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